Síndrome de hiperemese canabinoide e o impacto da cannabis na saúde mental

Entenda como o uso constante e exagerado dos derivados da planta pode trazer prejuízos a saúde

A síndrome de hipermese canabinoide (SHC) é uma condição que vem ganhando atenção à medida que o uso de cannabis se torna mais comum. Caracterizada por episódios severos de náuseas, vômitos e dores abdominais, o distúrbio pode se manifestar em usuários regulares dos derivados da planta, mesmo aqueles que não apresentam outros problemas de saúde mental.

Como observado por Nathanael Katz, um ex-usuário de cannabis que agora ajuda adolescentes a superarem o vício nos EUA, a condição pode se transformar em um ciclo vicioso, onde o uso contínuo da substância para aliviar os sintomas acaba exacerbando os problemas.

A SHC é frequentemente confundida com outras condições, dificultando seu diagnóstico. Muitas vezes, os usuários não associam a doença à cannabis, acreditando que o uso da substância é seguro. O Dr. Deepak Cyril D’Souza, diretor do Yale Center for the Science of Cannabis and Cannabinoids, destaca a necessidade urgente de aumentar a conscientização sobre os riscos associados ao uso da planta, especialmente entre usuários regulares que podem não reconhecer a gravidade do distúrbio.

“O uso de maconha pode afetar o desenvolvimento cerebral, especialmente durante o período crítico da adolescência até os 25 anos. Este também é o período em que os distúrbios psicóticos normalmente surgem, e há evidências crescentes que associam os dois. Pesquisas recentes mostram que quanto mais potente a cannabis, mais frequente for o consumo e quanto mais precoce for a idade de consumo, maior será o risco”, explica D’Souza.

O pesquisador lembra ainda que nem todo mundo que fuma cigarros desenvolve câncer de pulmão, e nem todo mundo que tem câncer de pulmão fumou cigarros. “Agora sabemos, após negar isso por muitas décadas, que a associação entre os dois é muito importante. O mesmo vale para a cannabis e a psicose, por exemplo”.

Além da SHC, a relação entre o uso de cannabis e problemas de saúde mental, como a psicose, também é preocupante. Casos alarmantes têm sido relatados, como o de um paciente que acreditava que cabides e tênis haviam ganhado vida, ou o de Luke Archibald, psiquiatra que tratou um paciente que seguiu instruções de voz durante um episódio psicótico. Essas histórias e opiniões, relatadas em entrevistas ao The New York Times, ilustram o aumento do número de pacientes com psicose temporária induzida por cannabis, que pode durar horas, dias ou até meses.

A psicose temporária é mais comum entre consumidores jovens, mas pode afetar pessoas de todas as idades. Profissionais de saúde, como Sharon Levy, chefe de medicina de dependência no Hospital Infantil de Boston, notaram um aumento em distúrbios psicóticos crônicos, como a esquizofrenia, possivelmente relacionados ao uso indiscriminado da planta. Pesquisas indicam que o uso de maconha, especialmente das variedades mais potentes, impacta o desenvolvimento cerebral em jovens, elevando o risco de distúrbios psicóticos.

Um estudo europeu revelou que usuários regulares de maconha com pelo menos 10% de THC têm quase cinco vezes mais chances de desenvolver um distúrbio psicótico em comparação com não usuários. Além disso, um estudo na Dinamarca sugere que até 30% dos casos de esquizofrenia entre homens jovens poderiam ser atribuídos ao uso de maconha.

Para evitar a SHC e minimizar os riscos associados ao uso de cannabis, especialistas recomendam a conscientização sobre a quantidade e a potência dos produtos consumidos. Evitar o uso regular e em altas doses pode reduzir a probabilidade de desenvolver a síndrome. Além disso, aqueles que já apresentam sintomas de náuseas ou vômitos devem reconsiderar o uso de cannabis e buscar orientação médica.
A Pesquisa Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde indica que a interrupção do uso de cannabis pode ser difícil, com muitos usuários enfrentando dificuldades intensas. A falta de medicamentos aprovados por órgãos reguladores para tratar a dependência de cannabis torna ainda mais essencial a conscientização e o suporte psicológico para aqueles que buscam ajuda.

À medida que a legalização da cannabis avança, é crucial que a proteção da saúde pública seja uma prioridade, garantindo que informações sobre os riscos e benefícios do uso da cannabis sejam amplamente divulgadas. As histórias de usuários, como as trazidas acima, servem como um alerta sobre os riscos do uso indevido. É essencial que consumidores e profissionais de saúde trabalhem juntos para entender melhor os efeitos da cannabis, promovendo um uso mais seguro e informado.

NDMCI

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