“Toda semana eu ia para o pronto socorro tomar morfina na veia. As dores eram incontroláveis”, diz professora

Catarina Araújo chegou a ter depressão e diz que ganhou uma nova vida após iniciar tratamento com cannabis

“Durante dois anos, toda semana eu ia para o pronto socorro tomar morfina na veia. As dores eram incontroláveis”, relata a paciente de fibromialgia, Catarina Araújo, ao lembrar dos seus momentos antes de começar o tratamento com cannabis. “Minha história é de muita dor e sofrimento”, completa.

Diagnosticada com a doença há mais de 4 anos, a professora de educação infantil precisou parar de trabalhar por 60 dias, devido ao quadro de depressão, fadiga, desânimo e dores causadas pela fibromialgia. Sua rotina era resumida entre “ficar deitada na cama ou no sofá”.

Em maio de 2023, Catarina chegou a tentar suicídio. “Eu não queria morrer, mas eu precisava que as dores parassem. Não tinha mais como suportar”, relata ela.

Impacto da cannabis

Em 2006, Catarina trocou Natal, no Rio Grande do Norte, por Balneário Camboriú, em Santa Catarina. O objetivo era proporcionar melhores condições de vida para a família. Com a mudança de endereço, ela conheceu  AFBSC (Associação de Fibromialgia Borboletas de Santa Catarina) e passou a ter contato com o médico Eduardo Knop e o psiquiatra Eduardo Guagliardi. Foram eles que iniciaram o tratamento dela com a medicina canabinoide. “Assim a minha vida deu uma volta”, comenta a professora, que voltou a trabalhar, cozinhar – um de seus hobbies preferidos – e realizar atividades como tomar banho, sozinha.

Além disso, outra mudança na rotina de Catarina foi a diminuição do uso dos três remédios de receita controlada e mais dois medicamentos de tarja preta utilizados para o controle da doença. A professora diz que o objetivo do tratamento orientado pelos médicos é diminuir cada vez mais o uso dos medicamentos alopáticos e, futuramente, utilizar apenas o óleo de cannabis.

Segundo ela, agora, pouco mais de um ano depois de iniciar o uso, 80% de suas funções voltaram. “Minha memória está muito melhor, as dores ósseas passaram. O canabidiol me deu ‘vida’ de novo”, explica Catarina.

Momento de incerteza

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Catarina Araujo/ Imagem: Instagram

Por conta do elevado custo do medicamento comprado nas farmácias, a portadora de fibromialgia ficou três meses sem o óleo. “A depressão, a fadiga, tudo voltou. Precisei me afastar do trabalho novamente”, comenta.

Agora, Catarina e outros 19 pacientes contam com um projeto de distribuição gratuita do óleo de cannabis, por seis meses, realizado em parceria entre a Associação Santa Cannabis e o vereador Eduardo Zanatta.

“Recebi o primeiro óleo e já aguardo o segundo. Ter uma segurança no tratamento é algo que emociona, principalmente para mim que já precisei ficar sem e sei o quanto impacta na qualidade de vida”, comemora.

Cannabis no tratamento da fibromialgia

Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, mesmo sem uma explicação satisfatória sobre a causa da doença, “a principal hipótese é que pacientes com fibromialgia apresentam uma alteração da percepção da sensação de dor”. Isso é apoiado por estudos em que visualizam o cérebro desses pacientes em funcionamento, que também avalia o porquê de pacientes com FM apresentarem outras evidências de sensibilidade do corpo, como no intestino ou na bexiga. Alguns desenvolvem a condição após um gatilho, como dor localizada mal tratada, trauma físico ou doença grave.

As principais queixas são: dores generalizadas espalhadas pelo corpo e nas articulações, fadiga, cansaço, insônia, ressecamento intestinal e, em alguns casos, alterações da memória.

De acordo com pesquisadores israelenses, o uso da cannabis pode reduzir consideravelmente as dores corporais oriundas da fibromialgia. Na análise feita por meio de revisão em bancos de dados de dois centros médicos de Israel, especializados na patologia, os cientistas puderam constatar que alguns derivados da cannabis, além de reduzir as dores, aumentam os intervalos dos sintomas em relação às terapias convencionais. Os resultados foram publicados em agosto de 2018 no Journal of Clinical Rheumatology.

A pesquisa contou com 26 pacientes com idade média de 37 anos, diagnosticados com fibromialgia há pelo menos dois anos. Destes, 73% eram mulheres. O grupo respondeu a questionários sobre a doença antes e depois do tratamento com cannabis medicinal, que durou por volta de 11 meses. Cada paciente consumiu uma dose média de 8,3 g de canabidiol (CBD) por mês. Ao final da pesquisa, 100% dos pacientes relataram melhora nos sintomas da fibromialgia em todos os quesitos que constavam no questionário, principalmente no que se referia à dor. Pelo menos 50% dos participantes reportaram ter parado de tomar a medicação tradicional após o consumo da cannabis. Em relação aos efeitos adversos, 30% sentiram leves efeitos colaterais como dores de cabeça, náuseas, boca seca, sonolência e fome excessiva.

A Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva (Fait), por meio das pesquisadoras Paula Francine Sarti e Francine Campolim, publicou estudo denominado “Uso da Cannabis no Tratamento da Fibromialgia”, no qual diversos artigos de bancos de dados, como PubMed, SciELO e Google Acadêmico, foram selecionados para análise.

Segundo as pesquisadoras, a maioria dos estudos observados relata que os derivados da cannabis são sim uma opção viável no tratamento da doença, mas ainda são necessárias mais pesquisas para confirmar estes benefícios. A observação mostrou que, mesmo a cannabis apresentando bons resultados contra os sintomas como fadiga muscular e dores, ainda é muito cedo para definir essa terapia como solução para o problema.

Outro ponto importante destacado pelas autoras do estudo, foi que normalmente as pessoas deixam para procurar a terapia canabinoide quando já não há mais alternativas medicamentosas, o que no ponto de vista delas pode ser um erro, pois quanto mais pessoas buscarem o tratamento com cannabis, mais pesquisas surgirão a respeito dessa alternativa fitoterápica, reforçando assim a qualidade e a eficácia desses estudos.

NDMCI

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